Doença em alta no momento, o TDAH acomete 7 a 8% das crianças, sendo mais comum nessa faixa etária, porém 50% dos pacientes permanecem com a sintomatologia na vida adulta. Estima-se que 2 milhões de pessoas convivam com a doença no Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA)
Mas o que é o TDAH?
As principais características do TDAH são um padrão de redução sustentada no nível de atenção e uma intensificação na impulsividade ou hiperatividade. Ele não só afeta o desempenho acadêmico da pessoa , como também está relacionado a aumento no risco de outras doenças psiquiatricas, como depressão, ansiedade, uso de substâncias, além de ser um fator de risco para acidentes.
Seu diagnóstico é clínico, requerendo uma boa história, com avaliação de todos os aspectos da vida do indivíduo desde a infância.
A resposta ao tratamento com medicações é imediata e costuma mudar a vida da pessoa dramaticamente.
Apesar dessas características descritas se trata de um diagnóstico difícil, necessitando atendimento e acompanhamento psiquiátrico.
Causas de TDAH
O TDAH tem um componente genético importante, com hereditariedade de cerca de 75%. Os sintomas decorrem de alterações neuroanatômicas e neuroquímicas. Os principais fatores são:
- Fatores genéticos: estudos evidenciam maior risco em gêmeos, assim como o aumento de risco de 2 a 8 vezes para crianças com pai ou irmão com TDAH.
- Fatores neuroquímicos e neuroanatômicos: Há alterações em vários neurotransmissores, porém hoje em dia o principal foco é o estudo da dopamina nos sintomas do transtorno. Além disso há estudos sobre regiões cerebrais alteradas nas pessoas com TDAH, como o córtex pré-frontal, área que desempenha papel importante na atenção, controle de impulsos e funções executivas
- Fatores relacionados ao desenvolvimento: Há um aumento de risco em crianças prematuras, nas quais a mãe apresentou alguma infecção durante a gravidez, doenças cerebrais na infância (trauma, meningite)
- Fatores sociais: abuso crônico grave, maus-tratos e negligência são fatores de risco
Sintomas do TDAH
Os sintomas do TDAH em crianças são divididos em alterações de hiperatividade, impulsividade e atenção
- Hiperatividade
- Atividade física excessiva
- atividade motora sem objetivo (se levantam constantemente quando deveriam estar sentados, mexem as mãos de maneira repetitiva, mexem com objetos)
- sentimento de inquietude – são incapazes de permanecer quietos em situações que deveriam ficar (exemplo: aulas)
- incapacidade de brincar parado
- falar em excesso, correr e escalar locais que não deveria
- Atenção
- Dificuldade para iniciar e terminar tarefas já iniciadas
- dificuldade em escutar seu nome quando é chamado
- Dificuldade em organizar tarefas
- Esquecimento frequente de objetos, necessitando sempre procurá-los
- Impulsividade
- Dificuldade em esperar sua vez de falar ou sua vez de participar em algum jogo
- tendência a agir sem pensar, como atravessar a rua rapidamente ou responder perguntas não relacionadas ao que foi perguntado
Para o auxílio do diagnóstico do TDAH costumamos utilizar escalas em casos específicos, lembrando que tais ferramentas apenas auxiliam o diagnóstico, não podendo substituir a consulta.
Uma dessas escalas é o SNAP IV , que pode ser conferida em : https://tdah.org.br/wp-content/uploads/site/pdf/snap-iv.pdf
Características do TDAH em adultos
O TDAH tem como características principais alterações no nível de atenção, impulsividade e hiperatividade, porém no adulto há outras características marcantes dessa patologia como:
- Desregulação emocional: as pessoas com TDAH tem dificuldade em “respirar e se acalmar”, de maneira que costumam apresentar uma sensação de irritabilidade crônica associada à reações agressivas. Costumam ainda apresentar uma grande sensibilidade a estímulos – “o que é legal é MUITO legal, o que é chato é MUITO chato”
- Hiperfoco: “ as vezes não consigo parar de pensar em alguma coisa”. As pessoas com TDAH podem apresentar foco intenso em itens irrelevantes, pouco produtivos ou foco além do necessário em partes de itens irrelevantes. Com isso essas pessoas perdem a noção do tempo e tem dificuldade em se desligar e mover para outras tarefas
- Fadiga: as pessoas com TDAH necessitam de um esforço além da média para focar em suas atividades do dia a dia. Desperdiçam tempo em tarefas e muitas vezes procurando o que perderam. Dessa maneira a hiperatividade “cansa” a mente, gerando uma sensação de fadiga
- Procrastinaçao: “sou preguiçoso, depois eu faço”. As pessoas com TDAH apresentam uma grande dificuldade em iniciar e terminar tarefas, assim como de manter o foco nessas tarefas
Abuso de remédios para TDAH
O tratamento com medicações para o TDAH é essencial, melhorando muito os sintomas da pessoa com o transtorno, porém sabemos que hoje em dia vivemos em uma sociedade exigente, na qual somos cobrados por nosso máximo desempenho e perfeição. A busca por resultados rápidos e fáceis se torna cada vez maior.
Com isso, muitas pessoas têm buscado medicações como uma maneira de “melhorar o seu desempenho”, o que vem ocorrendo principalmente com as medicações para o TDAH.
As pessoas com TDAH apresentam desregulações em redes neurais e em neurotransmissores que justificam o uso dessas medicações, o que não acontece em indivíduos sem TDAH. A prática do uso dessas medicações sem recomendação médica não é isenta de riscos.
As medicações para o TDAH tem como efeitos colaterais a taquicardia, hipertensão, aumento da ansiedade, boca seca, convulsões, insônia, cefaleia, tremores, além de aumentarem o risco de eventos cardiovasculares e arritmias.
Muitas pessoas sem TDAH logo após iniciarem o uso tais medicações podem apresentar certa melhora da concentração, em sua maioria em decorrência de um efeito placebo, porém tal situação não é mantida e após alguns meses seu desempenho passa a ser o mesmo que pessoas sem TDAH que não fazem uso de medicação.
Dicas para lidar com o TDAH
- Organização
Criar estratégias de organização que sejam realistas pode ser essencial para uma pessoa com TDAH. Comece com passos pequenos, organizando locais específicos e mais fáceis primeiro, para depois se dirigir à organizações mais complexas
2. Manejo do tempo
Há várias maneiras de organizar o tempo, mas o essencial é descobrir alguma que faça sentido para você. Dentre os métodos utilizados temos:
- Uso de planejadores – apps, cadernos,notebook
- Uso de relógios – para sempre ter uma noção do tempo gasto em atividades
- Rotina – manter uma rotina bem determinada pode facilitar o manejo do tempo
3. Lista de tarefas
A organização não deve ocorrer apenas no espaço físico. Organizar listas de tarefas pode ser importante, tanto no trabalho quanto na escola. Fazer listas, Fragmentar trabalhos grandes em pequenos, trabalhar em intervalos e se focar em apenas um trabalho são algumas das estratégias
4. Cuidado financeiro
Pessoas com TDAH podem ter grande dificuldade em controlar suas finanças. Utilizar lembretes de contas, assim como utilizar aplicativos de bancos pode facilitar o controle.
5. Cuidado ao dirigir
A distração no trânsito é uma causa importante de acidentes, o que pode ser ainda mais perigoso para pessoas com TDAH. Diminuir os estímulos enquanto dirige podem ajudar. Livre-se de distrações, principalmente do celular.
6. Faça exercícios físicos, mantenha uma boa rotina de sono, se alimente bem
Pode ser clichê, mas uma boa rotina de exercícios físicos, dieta e sono são essenciais. Tudo isso reduz o nível de estresse, reduz o gasto de energia e diminui a falta de atenção.
Fonte: https://tdah.org.br/
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